Durante o reinado de
Pedro II no Brasil entre 1840 e 1889, a famosa GUERRA DO PARAGUAI (1865-1870)
foi um dos fatos mais marcantes. Esse conflito colocou BRASIL/URUGUAI/ARGENTINA
contra o PARAGUAI, acabou resultando num grande massacre do povo paraguaio e
colocando o Brasil como líder na América do Sul.
Vejamos então como
rolou a....
GUERRA DO PARAGUAI
As causas da Guerra do Paraguai
concentravam-se, principalmente, na década de 1860, quando os diferentes interesses
defendidos pelos governos paraguaio e brasileiro levaram a desentendimentos que
fizeram o Paraguai atacar o Brasil. Esses desentendimentos intensificaram-se a
partir da posse de Francisco Solano López como ditador do
Paraguai, em 1862.
Francisco Solano Lopez,
ditador do Paraguai
A posse de Solano López fez com que o
governo paraguaio se aproximasse de um grupo rebelde argentino conhecido
como federalistas. Esse grupo era liderado por Urquiza e
concentrava-se nas províncias de Entre Rios e Corrientes. A aproximação do
Paraguai com os federalistas possibilitou uma aliança do governo paraguaio com
o governo uruguaio, representado pelo partido Blanco.
A aproximação paraguaia com os blancos abriu
uma possibilidade importante para o Paraguai de utilizar o porto de
Montevidéu como saída para o mar, uma vez que não havia
possibilidade de os paraguaios utilizarem o porto de Buenos Aires e o Paraguai
não tem saída para o mar. A aproximação paraguaia com os federalistas
desagradou o governo argentino, representado pelo então presidente Bartolomé
Mitre, e a aproximação paraguaia com os blancos no Uruguai
desagradou tanto a Argentina quanto o Brasil.
A tensão entre os governos brasileiro
e paraguaio já existia em virtude das negociações a respeito dos direitos
de navegação no Rio Paraguai. O governo brasileiro exigia a livre navegação
nos rios da Bacia Platina que cortavam o Paraguai, pois eram o único meio
viável de chegar-se a Cuiabá (não havia estradas que ligavam a capital, Rio de
Janeiro, àquela cidade). Além disso, havia uma disputa de território entre
os dois países (a disputa era por um pedaço de terra que hoje corresponde ao
Mato Grosso do Sul).
A relação entre Brasil e Paraguai
azedou de vez quando aquele interveio na guerra travada no Uruguai, em 1864.
Este país, conforme mencionado, era governado pelos blancos —
integrantes do partido político aliado do governo paraguaio. No entanto, a
política econômica do governo blanco prejudicava os interesses
econômicos dos estancieiros gaúchos que atuavam no Uruguai.
Esses passaram a pressionar o governo
brasileiro para que se posicionasse em defesa dos interesses dos cidadãos
brasileiros no Uruguai. Assim, o governo apoiou Venancio Flores,
líder do partido colorado, adversário político que travava conflito contra
os blancos desde 1863. Além disso, indicou que
interviria diretamente no conflito a favor dos colorados.
A possibilidade de uma invasão
brasileira no Uruguai em favor dos colorados desagradou profundamente o governo
paraguaio, que ameaçou atacar o Brasil caso o país interviesse
no conflito uruguaio. Essa postura firme do governo paraguaio era parte de uma
estratégia, praticada por Solano López, de impor o Paraguai como potência
alternativa na América do Sul em uma tentativa de rivalizar com Brasil e
Argentina.
O governo brasileiro ignorou o
ultimato paraguaio e, em setembro de 1864, conduziu a invasão do Uruguai. A
ação brasileira contribuiu para destituir o governo blanco e
colocar o líder colorado, Venancio Flores, como presidente uruguaio.
A ação brasileira no Uruguai irritou
o governo paraguaio e gerou uma represália de Solano López. Em 11 de novembro
de 1864, uma embarcação brasileira, o vapor Marquês de Olinda,
chegava em Assunção, capital paraguaia, com dinheiro e com o novo presidente (governador
atual) do Mato Grosso, o coronel Carneiro de Campos. Sob o argumento de que a
embarcação brasileira levava armas, o governo paraguaio ordenou o aprisionamento da
embarcação e de toda a sua tripulação.
O aprisionamento do Marquês de Olinda
gerou protestos do governo brasileiro, e a resposta paraguaia deu-se com
o rompimento das relações diplomáticas com o Brasil e a proibição
da passagem de embarcações brasileiras pelos rios que cruzavam o
Paraguai. A situação permaneceu tensa, e Solano López, crente de que o Brasil
atacaria o Paraguai (o que não era verdade), decidiu atacar o Brasil, em
dezembro de 1864.
Cerca de 7700 soldados
paraguaios foram enviados para o Mato Grosso, entre 22 e 24 de
dezembro de 1864. No dia 26 de dezembro, os paraguaios atacaram o forte de
Coimbra, e, no dia 28, as tropas brasileiras fugiram. O ataque paraguaio deu
início à Guerra do Paraguai.
A Guerra do Paraguai contou com a
participação de quatro países, e inúmeras personalidades tiveram papel crucial
nos eventos relacionados a ela. Se liga aqui nos nomes de personagens
importantes desse cenário:
·
Paraguai: Solano López era
o ditador do país e o comandante das tropas paraguaias. Lutou na guerra e foi
morto, em 1870, na batalha de Cerro Corá.
·
Brasil: D.
Pedro II era o imperador do Brasil. Os dois grandes nomes do exército
brasileiro na guerra foram Duque de Caxias e Conde
D’Eu.
·
Argentina: Bartolomé Mitre era
presidente argentino durante o conflito. Ele viu na guerra uma forma de
consolidar seu domínio no país colocando fim nos federalistas que apoiavam o
Paraguai. No decorrer da guerra, passou a presidência para Domingo Sarmiento.
·
Uruguai: Venancio Flores era
o presidente do Uruguai. Era o líder dos Colorados, partido que assumiu a
presidência após o Brasil invadir o Uruguai. Presidiu o país até 1868, quando
foi assassinado.
A Guerra do Paraguai foi o pior conflito da
história da América do Sul e responsável por, pelo menos, 300 mil mortos.
Depois de invadir a província do Mato
Grosso, o exército paraguaio rumou na direção da província do Rio Grande do Sul
para, em seguida, apoiar os blancos na Guerra Civil Uruguaia.
No entanto, para chegar ao Rio Grande do Sul e ao Uruguai, as tropas paraguaias
precisavam cruzar o território argentino, passando pela província
de Corrientes.
Como a passagem dos paraguaios foi
negada pelo governo argentino, por ordem de Solano López, 22 mil soldados
paraguaios invadiram a Argentina. Essa invasão aproximou os governos brasileiro
e argentino, o que levou à assinatura do Tratado da Tríplice Aliança.
Nesse tratado, Brasil, Argentina e Uruguai (aqui
representado pelos colorados) uniram forças para
lutar contra Solano López. O tratado foi oficialmente assinado em 1º de maio de
1865, e nele ficou decidido que a guerra só seria finalizada com a deposição
de Solano López. Os três aliados ainda trataram sobre questões relativas às
novas fronteiras e à indenização que seria paga pelos paraguaios, caso
vencessem o conflito.
Soldados Paraguaios.
Reparem que eles lutavam em condições bem precárias
Os dois exércitos enviados por Solano
López na direção do Rio Grande do Sul foram derrotados e retornaram ao Paraguai
em outubro e novembro de 1865. A partir desse momento, a guerra enfrentada pelo
exército paraguaio teve como intuito defender seus territórios dos invasores da
Tríplice Aliança.
O primeiro grande destaque das lutas
travadas na Guerra do Paraguai foi a Batalha Naval de Riachuelo,
em junho de 1865. Nela a Marinha brasileira destruiu quase a totalidade da
marinha paraguaia, e, com isso, pôde controlar a navegação dos rios da Bacia
Platina, impondo um bloqueio que isolou o Paraguai.
Cena da “Batalha de
Riachuelo”. A vitória brasileira nessa batalha foi um marco importante para o
avanço de nossas tropas em território paraguaio.
Outra batalha de destaque foi a Batalha
de Curupaiti, na qual as tropas da Tríplice Aliança sofreram uma pesada
derrota, que custou, pelo menos, a vida de quatro mil soldados. Os fatos que
definiram os rumos da guerra ocorreram a partir de 1868, quando a principal
fortaleza do país (Humaitá) foi tomada pelas tropas brasileiras. Pouco
tempo depois, em janeiro de 1869, a capital paraguaia (Assunção) foi invadida e
saqueada.
À medida que as tropas brasileiras
avançavam pelo interior do território paraguaio, a situação de Solano López
ficava mais desesperadora. Com falta de recursos e soldados, o ditador
paraguaio mobilizou crianças e enviou-as para a frente de guerra. Em 16 de
agosto de 1689, uma tropa paraguaia formada por crianças e adolescentes foi
enviada para enfrentar os soldados brasileiros.
Crianças paraguaias
obrigadas a lutar na guerra
Essa batalha ficou conhecida
como Batalha de Campo Grande. Ela fez parte do esforço dos
exércitos aliados de perseguir e capturar Solano López. A luta estendeu-se por
oito horas e ficou marcada pela resistência feroz dos paraguaios. O resultado,
no entanto, foi um desastre para eles.
Munidos de armamento rudimentar e de
baixa qualidade e formados por homens sem treinamento militar, após as oito
horas de batalha, o resultado foi um massacre. Cerca de dois mil
paraguaios morreram, entre os quais havia muitas crianças e adolescentes, e
do lado dos aliados foram registradas apenas 26 mortes.
Charge criticando a
postura do ditador paraguaio (Solano Lopez), que não quis se render quando a
situação de sua população estava tensa.
A Guerra do Paraguai encerrou-se
definitivamente quando o ditador paraguaio Francisco Solano López foi
morto por soldados brasileiros, na Batalha de Cerro Corá,
travada em março de 1870. A guerra deixou um grande rastro de destruição no
Paraguai e contribuiu para o endividamento do governo brasileiro, além de ter
marcado o início da decadência da monarquia do Brasil.
Como derrotado, o Paraguai amargou
uma ocupação pelas tropas brasileiras até 1876 e perdeu territórios para Brasil
e Argentina. Os números de mortos da Guerra do Paraguai são polêmicos e
acredita-se que ela tenha causado de 300 mil a 450 mil mortos, sendo
que, deles, cerca de 200 mil eram paraguaios, entre civis e soldados. Grande
parte das mortes foi causada por doenças que atingiram soldados e a população
durante o conflito.
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