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Prof. Vitão - História - 2ª Séries A e B


Saborear essa deliciosa paçoca me inspirou pra preparar um materialzinho pra vocês retomarem os estudos de onde paramos. Afinal, paçoca e conhecimento são alimentos deliciosos e necessários.


Assim, leiam com atenção e carinho esse textinho aí embaixo pra gente voltar a conversar e aprender.
Vocês devem se lembrar que começamos a estudar a realidade criada pela REVOLUÇÃO INDUSTRIAL na construção do mundo contemporâneo.  Vimos como esse processo produziu ideias, imagens, sentimentos, criou necessidades que até os séculos XVIII (18) e XIX (19) não existiam, dando contornos ao mundo que fazem parte de todos os aspectos de nossa vida até hoje.
A literatura do século XIX (19) foi riquíssima em explorar esses aspectos criados pelo mundo burguês em crescimento. Autores como VICTOR HUGO (França), EDGAR ALLAN POE (EUA) e CHARLES DICKENS (Inglaterra) são referências para isso.
Bom, segue aí embaixo um pequeno trechinho de um conto que trata de uma questão importantíssima estimulada por esse contexto da Revolução Industrial: a solidão que se experimenta ao andar entre uma multidão, quando todos estão absorvidos pelas correrias impostas pela mentalidade industrial e as histórias vão se perdendo entre a preocupação da busca pelo lucro e do máximo aproveitamento do tempo..... leiam com atenção, e depois conversamos.



Edgar Allan Poe – autor de “O Corvo”, “O Homem das Multidões” e tantas outras obras representativas do mal-estar causado pela vida burguesa pós-revolução industrial.

O homem das multidões, de EDGAR ALLAN POE – Testemunha ocular anônima do jardim das almas mortas

O mal-estar do indivíduo na sociedade contemporânea do século XIX (19)
“O homem atual é anulado pela aglomeração, a humanidade vaga pela cidade, marcada pela indiferença brutal com o outro e pelo automatismo em seu agir. Mas nem todos conseguem se encaixar neste padrão. Nesse conto, vamos conhecer um velho senhor que se angustia com a ausência das pessoas. A todo o momento, o “velho” vai até os lugares mais cheios, em ruas, praças e até recintos boêmios. Se o local começa a se esvaziar, corre para outro. Não pode estar só. Não aguenta estar só. Todavia, busca a multidão, sem com ela se envolver. Vamos deixar que ele mesmo lhe conte, leitor. Ouça-o com atenção.
‘ Os efeitos fantásticos da luz me obrigavam a um exame individual de cada rosto; e ainda que a rapidez  com que o mundo de luz borboleteava diante da janela me impedisse de lançar mais do que um olhar em cada semblante, mesmo assim parecia que, no peculiar estado de espírito em  que me encontrava, eu muitas vezes conseguia ler, até neste breve intervalo de um olhar, a história de longos anos.
Com a testa na vidraça, estava deste modo ocupado em perscrutar a massa, quando de repente apareceu um rosto (o de um velho decrépito, de uns sessenta e cinco, setenta anos de idade) — um rosto que imediatamente chamou e absorveu toda a minha atenção, por causa da absoluta repugnância de sua expressão. Eu nunca tinha visto nada nem de longe parecido com esta expressão. Lembro bem que a primeira coisa em que pensei, ao avistá-la, foi que se parecia com representações pictóricas do demônio. Como eu tentasse, durante o breve instante de meu inusitado estudo, formar uma análise daquilo que ela me transmitia, em minha mente despontavam, confusa e paradoxalmente, as imagens de imensa capacidade mental, cautela, indigência, avareza, frieza, maldade, sede sanguinária, triunfo, alegria, terror excessivo, intenso — supremo desespero. Me senti estranhamente desperto, maravilhado, fascinado. “Que história fantástica ”, pensei comigo mesmo, “não estará escrita neste peito!” Me veio então um ardente desejo de não perder o homem de vista — de saber mais sobre ele. Vestindo precipitadamente um sobretudo e apanhando meu chapéu e minha bengala, me dirigi para a rua e abri caminho pela multidão na direção que eu o vira tomar; pois ele já tinha sumido. Com alguma dificuldade finalmente o avistei, me aproximei e o segui de perto, mas cautelosamente, de modo a não chamar sua atenção.
Mas ele foge de mim.  Ele se nega a ficar sozinho. Ele é o homem das multidões. Vai ser inútil segui-lo; pois não vou aprender mais nada, nem com ele, nem com seus atos.Todos carregam em si ricas histórias, mas não há tempo a perder com elas. Sigamos sozinhos em meio à multidão. Assim é que deve ser, para o mundo continuar girando”.

Victor Hugo, autor de “Os Miseráveis”, “O último dia de um condenado à morte”, e tantas outras obras críticas das concepções de mundo da burguesia industrial

Charles Dickens, autor de “Oliver Twist”, “O conto das duas Cidades”, “David Copperfield” e outras obras de forte crítica social às desigualdades do mundo industrial.

Comentários

  1. ÓH, lindo e querido professor, conte mais...." - dirão vocês.

    "CALMA!!!! No próximo capítulo tem mais.". - digo eu.

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  2. @sara aquí:Oh,querido professor,espero não levar (mais para frente) spoilers do livro "os miseráveis",pois eu gastei um dinheirão com aquela versão jumbo,e não tive tempo de ler ainda kkkkkkkkkk

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