O período do Terror Jacobino foi
usado pela burguesia para moldar uma ideia negativa a respeito do papel das
classes mais humildes na sociedade, conforme nós vimos há pouco. Mas os
jacobinos no poder na França Revolucionária entre 1792 e 1795 também criaram
ideias a respeito do papel das elites econômicas na sociedade, bem como sobre o
papel de nobres, religiosos e das
TRADIÇÕES ao longo da História. Por
essas e outras, a REVOLUÇÃO FRANCESA, em seus vários momentos, é um evento
fundamental para entendermos as construções de ideias históricas dentro do
turbilhão que gerou o mundo contemporâneo.
Essa semana, vamos ver como se deu
o fim do Período Jacobino. Além disso, vamos entender....
O JACOBINISMO E O COMBATE ÀS TRADIÇÕES
A partir de 1793, as matanças ordenadas pelo
COMITÊ DE SALVAÇÃO PÚBLICA sob a liderança de ROBESPIERRE começaram a sair do
controle. Até mesmo companheiros dele foram executados na guilhotina, como
DANTON, porque o paranoico Robespierre achava que todos os que o criticavam em
algum aspecto estavam se tornando contrarrevolucionários.
Aos poucos, Robespierre foi ficando isolado
no poder. Todos o temiam, e isso abalou sua própria confiança para continuar
liderando a França nesse momento tenso. Mas ele seguiu ordenando a perseguição
a todos os que fossem suspeitos de serem contrarrevolucionários.
Charge mostrando Robespierre
como juiz num tribunal, em cima de uma pilha de cadáveres, uma guilhotina e a
bandeira da França rasgada.
Outra charge criticando
Robespierre, o “cozinheiro do povo francês”.
Rosto de Robespierre,
reconstruído em 3D, mostrando o momento em que ele já estava com a saúde mental
bastante abalada. Esse abalo em sua saúde mental não teve a ver com o fato de
uma das alunas de um dos 2º anos ter feito um desenho meio torto dele, mas sim
teve a ver com sua obsessão em exterminar os inimigos da Revolução, e ele com isso inventou muitos inimigos que não
eram inimigos.
Na ânsia por “salvar a Revolução”, Robespierre
instituiu uma prática de DESTRUIÇÃO DAS TRADIÇÕES OPRESSORAS. Para ele, as
ideis que justificavam, pela tradição, a maneira pela qual a sociedade se
organizava até então deveriam ser abolidas. Seria necessário, de acordo com
ele, recomeçar a história da França “do
zero”.
Com isso, ele ordenou perseguição especial
aos NOBRES e aos RELIGIOSOS, que sempre tiveram suas autoridades justificadas
pela TRADIÇÃO.
Religiosos que se recusassem a assinar a
Constituição Civil do Clero eram presos (essa lei dizia que a única função de
padres, bispos, freiras, etc. era prestar serviçoes de caridade aos pobres; fora
isso, os religiosos não podiam fazer mais nada). O religioso que insistisse em
continuar suas atividades meramente religiosas (como rezar missa e opinar sobre
as “determinações de Deus”) seriam presos e mortos. Para escapar da morte,
cerca de 400 padres fugiram da França nesse momento. Outros milhares morreram
nas guilhotinas.
Freiras Carmelitas indo para a
Guilhotina em 1794
Igualmente, foi posta em prática uma
política de “descristianização”. Foi decretado o fim das ordens religiosas,
igrejas foram requisitadas para dar lugar ao culto do Ser Supremo (o Ser
Supremo era a RAZÃO), o calendário cristão e as festas religiosas foram
abolidas e substituídas por festas revolucionárias.
Robespierre justificava isso dizendo que, historicamente, a
religião sempre foi usada para oprimir e perseguir o povo, e os homens e
mulheres da Igreja aproveitavam das crenças do povo (crenças construídas pela
Igreja) para manter seu poder.
Acontece que esse combate à religião movido
po Robespierre não agradou a todo o povo mais humilde. Muitos Sans-cullots se
tornaram “devotos da Razão”, mas nas regiões mais afastadas (cidades do
interior), o catolicismo continuou forte. E aí Robespierre arrumou problemas
pra ele mesmo.
Junto a esse fato, a matança generalizada
promovido pelos Jacobinos através dos Tribunias Populares acabaram deixando
muitos pobres com medo, já que, conforme falei antes, várias pessoas foram
guilhotinadas sem ser, de fato, contrarrevolucionários. E aí entra a questão
das notícias que se espalham: em várias cidades, a galera começou a ouvir que
Robespierre estava completamente louco e
ia acabar matando todo o mundo. Ele perdeu muitos apoiadores
Começou uma REAÇÃO ARMADA CONTRA ROBESPIERRE
E CONTRA OS JACOBINOS QUE AINDA ESTAVAM AO LADO DELE. Muitos pobres entraram
nessa luta contra Robespierre a partir de 1794 porque estavam com medo. Os
Girondinos aproveitaram isso e partiram pro ataque também.
Um dos espisódios mais importantes dessa
reação contra Robespierre foi a Guerra da
Vendeia, que o escritor VICTOR HUGO usou como “pano de fundo” para o
seu livro “O NOVENTA E TRÊS”, onde ele criticou os excessos cometidos pelos
jacobinos.
Livro
“O NOVENTA E TRÊS”, ambientado durante a Guerra da Vendeia
A Guerra da Vendeia
ou Guerra do Oeste foi um movimento camponês contrário a Robespierre e ao
Jacobinismo.
Na região francesa
da Vendeia, os camponeses estavam insatisfeitos com os rumos da Revolução e da
instituição da República Jacobina. Foram chamados de “brancos” pelos
republicanos jacobinos.
Os camponeses
sentiam-se esquecidos pela República e com medo pelos excessos dos jacobinos.
Da mesma forma, quando os padres foram proibidos de rezar missa, houve um
grande descontentamento.
Estimulados e
influenciados pelos GIRONDINOS, esses camponeses da Vendeia se levantaram
defendendo a volta de uma MONARQUIA, com um rei sem amplos poderes (como era na
1ª fase da Revolução) e liberdade religiosa. Assim, a população pega em armas
sob o slogan "Por Deus, pelo Rei e pela Revolução". Desta forma, o
movimento foi visto como uma grande ameaça pelo governo central jacobino e a
repressão foi violenta.
O conflito durou
três anos e calcula-se que morreram cerca de 200.000 pessoas. Uma vez derrotado
o exército rebelde, os republicanos passaram a destruir as aldeias e campos de
cultivo, incendiar as florestas e matar o gado, com o objetivo de dar um
castigo exemplar para que as ideias consideradas contrarrevolucionárias não se
espalhassem pela França. Só que isso aumentou a revolta popular contra
Robespierre. Ele ficou cada vez mais isolado.
Fora da França,
ganhava força uma coalizão antirrevolucionária formada por Inglaterra, Rússia e
Áustria, que atacavam a França para reestabelecer o Absolutismo. A situação,
que era difícil, ficou pior.
Enfraquecidso e sem
apoio, ROBESPIERRE foi preso pelos Girondinos, após sofre um golpe. Ele e seu
único companheiro que ainda ficou ao seu lado (o advogado e escritor
Saint-Just), foram condenados a morrer na GUILHOTINA.
Olha que ironia!!!
Quem com Guilhotina corta cabeça, com a Guilhotina terá a cabeça cortada.
Robespierre, ferido e vigiado por soldados, aguarda o momento que será levado à guilhotina.
Com a morte de
Robespierre em 1795, os Girondinos retomam o poder. Pra resolver o problema da
guerra contra Inglaterra, Áustria e Rússia, os burgueses girondinos recorrem ao Exército, na figura do
general Napoleão
Bonaparte e este, em 1799, deflagra o Golpe de 18 de Brumário.
Era a tentativa de restabelecimento da ordem interna e de organização militar
contra a ameaça externa.
Golpe do 18 de Brumário:
Napoleão Bonaparte Chega ao Poder
O Golpe
do 18 de Brumário de 1799 foi planejado pelo abade Sieyès (1748-1836) e
por Napoleão Bonaparte. Napoleão implantou na França o regime do Consulado.
Assim, três cônsules dividiam o poder: Bonaparte, Sieyès e Roger Ducos
(1747-1816).
O trio coordenou a
elaboração de uma nova Constituição, promulgada um mês depois e que estabelecia
Napoleão Bonaparte como primeiro-cônsul pelo prazo de dez anos. A Constituição
ainda lhe concedia poderes de ditador provisório.
A ditadura foi usada
para defender os franceses da ameaça externa. Os bancos franceses concederam
uma série de empréstimos para apoiar a guerras e a manutenção das conquistas da
Revolução Francesa.
Começa, então, a
ascensão política e militar da França sobre o continente europeu. A Revolução
foi controlada, o Absolutismo definitivamente se acabou e os jacobinos foram
executados. As medidas populares como Reforma Agrária, controle do aumento de
preços e educação pública e gratuita foram extintas.
A coisa começava a
se acalmar graças a Napoleão Bonaparte, mas os pobres foram, enfim, jogados à
uma condição de submissão e exploração.
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