Dia da árvore, desmatamento e
queimadas.
[...] Existe um provérbio de autoria
desconhecida, que se diz de origem indígena, povos que sabem, mais do que
ninguém, da importância das árvores, das florestas, dos rios, enfim, da
biodiversidade, que em sua simplicidade demonstra uma grande sabedoria.
Este provérbio diz assim: “Somente
quando for cortada/ destruída/queimada a última árvore, pescado o último peixe
e poluído o último rio/córrego e o mar de águas limpas, as pessoas vão se dar
conta de que não comermos dinheiro”, e, eu ousaria dizer que não comemos
dinheiro, nem ações negociadas nas bolsas de valores e que os crimes
ambientais, que também são crimes hediondos, que ficam impunes devido à omissão, conivência de autoridades que
deveriam zelar para que as árvores e florestas não sejam destruídas, como tem
acontecido ano após, cada em vez em escala maior.
Neste DIA DA ÁRVORE em 2020, em
Cuiabá, em Mato Grosso, no Centro-Oeste, na Amazônia e em parte dos demais
biomas pouco ou nada temos a comemorar. Todos os anos, tanto no Brasil quanto
em diversas outros países, ao se aproximar a primavera, considerada a estação
da esperança, quando tudo na natureza troca de cores com predominância do verde
e de diversas flores, ultimamente o Pantanal, o Cerrado, a Amazônia e mesmo a
Mata Atlântica ardem em chamas.
[...] Estima-se que a cada ano são destruídos
mais de 20,5 milhões de ha no Brasil, fruto do desmatamento e das queimadas. A
vegetação, ou seja, a biodiversidade da flora consegue se regenerar em parte
alguns anos após esses desastres, mas se em um período inferior a cinco ou dez
anos a mesma área for novamente destruída pelas queimadas, uma ou mais vezes,
com alta probabilidade que essas áreas não consigam se regenerar e o que antes
era floresta, cerrado ou pantanal acaba se transformando em savana ou áreas
degradadas.
Pior do que as perdas para a flora
são as perdas dos animais que jamais irão renascer das cinzas e ano após ano
dezenas de milhares de animais, de diversas espécies, como está acontecendo há
mais de três meses no PANTANAL, simplesmente desaparecerão, várias espécies,
algumas ameaçadas de extinção, com certeza serão extintas por completo, ante o
olhar passivo e omisso de quem deveriam bem cuidar do meio ambiente.
[...] Além dos impactos na biodiversidade, o
desmatamento e as queimadas interferem no regime de chuvas, com secas mais
prolongadas ou volume cada vez menor de chuva, e com isto córregos e rios que
formam bacias, como a do Rio Paraguai, fruto do desmatamento e ocupação ilegal
de suas cabeceiras, simplesmente também morrem, afetando todas as atividades
humanas ao longo de seu curso e também afetando o equilíbrio dos biomas. [...] não
podemos deixar de mencionar o papel e a importância das mesmas e, por extensão,
das florestas em geral e das florestas urbanas, das áreas verdes, das áreas de
proteção ambiental como base e fundamento da sustentabilidade.
[...] A ONU, em recente discussão
sobre mudanças climáticas, enfatizou este aspecto ao afirmar que “plantar
árvores é a coisa mais importante que nós podemos fazer, para contribuirmos
para a saúde do planeta, combater as mudanças climáticas e o aquecimento global
e, também, proporcionar melhores condições de vida, de saúde e de bem estar para
a população atual e as futuras gerações”.
Um último aspecto a ser considerado é
quanto ao papel do Estado, vale dizer, dos órgãos públicos federais, estaduais
e municipais. É fundamental que todos os níveis de governo assumam mais suas
responsabilidades relativas ao meio ambiente, principalmente, em atividades de
prevenção e não apenas “agirem” após os desastres estarem instalados, em
caráter emergencial, como atualmente está acontecendo no Pantanal em que cuja
área atingida é de quase um terço de todo o bioma.
JUACY DA SILVA,
professor universitário, fundador, titular e aposentado da UFMT, sociólogo,
mestre em sociologia, colaborador de alguns veículos de comunicação. Email profjuacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 21/09/2020
https://www.ecodebate.com.br/2020/09/21/dia-da-arvore-desmatamento-e-queimadas/
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