Para concluir o que estamos vendo
sobre a formação dos EUA contemporâneo e o racismo que assombra esse país, é
importante conhecermos a construção do racismo na ARTE daquela nação, e como
isso “respinga” em todo o mundo ocidental a partir do século XIX (19), para
vermos um pouco mais tarde essa questão na construção do Brasil Contemporâneo..
Assim, vamos estudar um pouquinho
sobre....
RACISMO E ARTE: A
“NATURALIZAÇÃO” DO PRECONCEITO RACIAL NOS EUA CONTEMPORÂNEO
Eu me lembro que quando vocês estavam no 9º ano, há algum tempo, eu disse
pra vocês que o CINEMA nasceu no fim do século XIX como uma invenção financiada
pela burguesia industrial e que passou a ter uma importante presença em todo o
mundo, atuando na construção opinões, de formas de pensar e na sociabilidade
das pessoas.
Pois bem, na sociedade racista norteamericana do fim do século XIX e
início do XX, o cinema foi usado para fortalecer ideias que a KU KLUX KLAN
defendia. Nesse sentido, o cineasta DAVID
GRIFFITH teve uma importância trise, porém marcante.
Seu filme mais famoso, chamado O NASCIMENTO DE UMA NAÇÃO (The Birth of a
Nation), filmado em 1915 (começo do século XX), é uma asquerosa exaltação da KU
KLUX KLAN e atuou para fortalecer a
imagem desse grupo racista como sendo “herois que salvaram os EUA da destruição
provocada pela presença dos negros na sociedade”. NÃO CONFUNDA ESSE FILME DE
1915 FEITO PELO RACISTA DAVID GRIFFITH COM UM OUTRO FILME TAMBÉM CHAMADO “O
NASCIMENTO DE UMA NAÇÃO’, FILMADO EM 2016 PELO DIRETOR NATE PARKER. São duas obras diferentes, apesar
de ambas tratarem da temática racial, se liga!!
David Griffith, o cineasta racista, em foto de 1916. Esse
cara dirigiu mais de 400 filmes, entre curtas e longa metragens.
No filme “O Nascimento de uma Nação”, David Griffith mostra uma sociedade
norteamericana devastada, dominada pela criminalidade e devassidão, e esse
cenário foi construído (de acordo com o enredo do filme) pelos negros que, após
serem libertados da escravidão, ganharam direitos iguais aos dos brancos e por
isso começaram a fazer um monte de coisas erradas. Na obra, os negros tiveram
direito de eleger seus deputados e esses deputados dominaram a política,
fazendo só coisas erradas e oprimindo os brancos!!! Esses mesmos negros são
mostrados como bandidos “por natureza” que espalham medo e terror entre os
brancos.
Até que surgem os “herois” da KU KLUX KLAN pra salvar a humanidade!!!!
Veja abaixo um pequeno trechinho desse filme (curtinho, cerca de quatro
minutos). Repare como os negros são mostrados e atentem para as legendas.
Os personagens negros que aparecem nesse filme são atores brancos pintados
de preto. Não há atores negros.
Atores atrizes brancos, pintados de preto.
David Griffith, racista, não queria artistas negros em suas obras
No trecho abaixo (também curtinho,
de quatro minutos) o filme mostra uma cena em que uma “horda de negros” cerca
uma casa com uima família branca assustada.... mas aí os “cavaleiros da Klan”
aparecem pra salvar!!!! Repare como a “horda de negros” parece um bando de
zumbis:
Esse filme fez um pusta sucesso. E nós sabemos que o cinema é um excelente
meio para formular opinões coletivas. David Griffith talvez tenha sido o
primeiro cineasta declaradamente racista e simpatizante da Ku Klux Klan, mas
outros depois dele apareceram.
Até a época do fim da 2ª Guerra Mundial (1945), a indústria cultural dos EUA produziu
inúmeras obras racistas que “caíram no gosto” do grande público, fortalecendo o
racismo. Veja o exemplo abaixo. É um desenho animado feito pelos estúdios
UNIVERSAL PICTURES em 1941; nele, vemos
uma região no Mississipi habitada por uma maioria negra que são pessoas preguiçosas,
relaxadas..... e só “acordam” um pouco quando brancos chegam ao local.
A publicidade cresceu muito em cima do racismo até a 1ª metade do século
XX. Lembre-se que estamos falando de uma época em que o racismo nos EUA era
LEGALIZADO. Veja a seguir:
Propaganda do sabonete Vinólia, década de 1930.
A garota branca pergunta para a criança negra: “Você, MENINO ENCARDIDO, por que
não se lava com o sabonete Vinólia?”
Abaixo, um exemplo parecido:
Abaixo, propaganda de camisas para homens elegantes:
A cada 5 homens, 4 são elegantes e vestem a
estilosa camisa Van Heusen. Adivinha quem é o único que não é elegante e
estiloso?
Por fim, no Brasil durante a mesma época a gente observa a mesma situação.
Olha essa estúpida propaganda de palha de aço (que conhecemos como “bombril”) :
Enfim, o Império dos cidadãos de bem foi construído nessas bases.
Semana que vem eu volto. Tchau e Beijos do Gordo!!!
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